segunda-feira, 27 de agosto de 2018

de ser de novo terra

Te visito e me revisito.
Não é fácil lidar com tantas pedras e rugas, eu sei.
Quando eu saio, enxergo esses buracos e vazios do caminho
Antes veludo, agora terra
Terra de gosto salgado
Terra que se espalha assim como tu tem te espalhado em mim durante todos esses anos.

As coisas que eu quero e que preciso te falar e que não deixas escutar 
Gosto de saber que por fora tem rugas 
E por dentro?
Dentro pode ser de poeira de terra vermelha que fica impregnada na pele 
Até formar rugas, danos e secar.
Secar até rachar
Secar até se desfazer e virar pó outra vez

Por quê não me deixas ver tuas rugas?
Por que não me deixas ver tuas marcas? 
De pó.
De terra.
Do seco que o caminho tem

Tocar em ti até a nova chuva chegar
Tuas rugas, teus calos
E meus calos com as tuas rugas.
Andar sobre a terra vermelha que sangra e que te toca.
Ser de novo terra e não querer ser veludo
Ser terra que move, que seca, que voa.
Ser tudo o que terra pode ser.
Olhar as marcas e as rugas no espelho
Limpar a terra do espelho e se ver
E ser terra outra vez.

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