sexta-feira, 3 de julho de 2015

de quando eu atravessei as pontes

Logo que cheguei, percebi que carregava pouca coisa. 
O peso foi sendo deixado pelo caminho
quanto mais pontes conhecia, mais pesos eu deixava. 
joguei tijolos, pedras, pedaços sobre o rio
e tinha dias que ele ficava mais bonito e mais cheio, 
e em outros, mais feio e mais vazio. 
logo que regressei, me deparei com caixas do que não cabiam mais em mim. 
Coisas que esqueci, coisas que preferi esquecer, coisas que não lembrava. 
Escritos e manuscritos fragmentados, despedaçados
como se me fotografasse na época que escrevi...
que esqueci. 
da outra vez que fui, senti frio. 
Circulei pelas ruas que amava e escutei o vazio. 
depois de tantas pedras e tantas pontes,
como eu ia querer que fosse o mesmo? 
Como poderia ser o mesmo de novo sem todos os pedaços que desfiz. 
já não faz mais sentido
já não faz 
já não tem mais motivo.
já não tem mais pedidos.
não mais.
não mais. 
E se eu tivesse me perdido, haveria algum pedido? 

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